Por Nícolas Borba
O lado profissional e o lado pessoal da mulher que agita as festas sorocabanas
(Foto: Mateus Machado - Palco Regional)
A tarde da quarta-feira, 23 de outubro, foi o momento escolhido para que DJ Gäbe, ou apenas Gäbe, encontrasse a equipe do Palco Regional e fosse o centro das atenções durante as próximas duas horas.
Estilosa como nas fotos de seu Instagram, Gäbe usava um casaco de couro que cobria a segunda pele de estampa abstrata e transparente, que contrastava com a calça jeans clara, enfeitada por cintos e correntes, dando identidade ao outfit despojado. Enquanto o lenço em sua cabeça carregava o ponto mais colorido de todo o conjunto, nos seus pés, as pesadas botas pretas e neutras finalizaram o look.
A DJ e produtora exalava personalidade junto com um inesperado perfume doce que avisava algo sobre a artista: pode-se até esperar algo dela, mas saiba que ela pode te surpreender a todo momento.
O clima abafado e com pretensão de chuva foi totalmente esquecido quando as portas do estúdio de foto se fecharam e Gäbe mostrou ser uma pessoa comunicativa, gentil e criativa. Mesmo se declarando tímida, foi notório que a artista já tinha uma certa intimidade com as câmeras durante o ensaio fotográfico e, antes mesmo do papo gravado começar, Ayla já contava de sua vida como se conhecesse as pessoas em sua volta muito mais que dez minutos.
(Foto: Mateus Machado - Palco Regional)
Sentada na baixa poltrona de couro preta, cercada pelas luzes profissionais que auxiliaram no ensaio fotográfico feito alguns minutos antes, Gäbe se preparava para o início oficial da entrevista, segundo ela, a parte que mais estava nervosa.
Uma ajeitada na franja, uma pequena subida no corpete preto e um último suspiro profundo… Gäbe estava pronta.
Qual foi o seu despertar de artista e como e quando decidiu se tornar DJ?
Eu fazia teatro, só que antes disso eu tive um aniversário de dez anos que eu ganhei uma controladora de brinquedo – aquelas bem de criança mesmo — onde tinha uns samples e tinha um de tiro, eu ficava enchendo o saco dos meus pais para todo lugar.
Na época do curso, esse amor [ser DJ] foi pouco deixado de lado, mas logo reviveu quando eu concluí e, ao sair, eu comecei minha transição e precisava me reinventar de alguma forma e ser DJ foi onde eu me reencontrei.
Qual seu sentimento antes de subir no palco e depois?
O sentimento antes de subir no palco acho que ele pode mudar, mas nunca vai deixar de ser aquele frio na barriga e o medo de você não conseguir chegar lá. Mas assim que você chega, e toca o play ali, amor, está acontecendo.
Como você decide seu set para as festas? Tem um pouco do seu gosto pessoal?
Quando você trabalha com música, muita coisa vem da identificação com o que você toca, eu gosto muito de funk por exemplo. Mas, sempre vai do meu gosto por música experimental. Desde criança acompanhava artistas internacionais e eu encontrei uma artista que eu me identifiquei, que inclusive foi a Charli XCX e a Sophie Xeon — que produziu algumas músicas para Charli — e eu incorporo isso no meu set, às vezes.
E como você vê a cena de Sorocaba hoje em dia?
A gente criou muito mais espaço para novos artistas. Novos DJs, cantores e compositores estão surgindo agora e é muito importante a gente frisar como as nossas pautas sociais importam nesse quesito.
Por ser uma mulher trans, negra e periférica, já foi um pouco difícil chegar onde eu cheguei e para mim já é uma vitória. Só que eu poder trazer artistas novos ou pessoas que estiveram comigo no passado é muito importante, então acho que a cena agora está avançando, mas ela precisa de um pouquinho mais. A gente precisa pensar nos pequenos detalhes.
Qual seu sentimento sobre rótulos? Não ser apenas uma “DJ”, mas a “DJ trans e preta”.
Quem se rotula, se limita.
É importante a gente ter essa ciência de que a gente pode evoluir e regressar a qualquer momento sem perder a nossa relevância e o que importa é que você faz para você, se você é relevante para o que está fazendo, é o que importa.
O que é a Combusta?
Começou com um projeto que eu tinha na minha cabeça desde 2020 e demorou três anos para ela acontecer. Ano passado (2023) eu fiz a minha festa de aniversário que foi a estreia da Combusta. Ela vem do meu desejo pela música experimental e poder experimentar novos gêneros.
O nome vem de combustível. Eu sempre tive uma uma relação muito boa com os filmes do “Velozes e Furiosos” e eu sou fascinada por perreo, uma vertente de música latina do reggaeton, que é focada nessa vivência e daí vem de combustível, algo que precismaos bastante para se manter viva e continuar pegando fogo.
Além da música, você trabalha com algo a mais? Como é conciliar essas carreiras?
Trabalho com design e sou produtora de festa, só que eu também sou CLT, tá aí um segredinho [risos]. Eu trabalho de domingo a domingo e arrumo tempo para tocar — não sei como —, mas eu pretendo fazer outras coisas também.
Antes de ser a DJ Gäbe, você é a Ayla Gabriella. Você diria que quando está em cima do palco está assumindo um alter ego ou elas são a mesma pessoa em momentos diferentes do dia?
Eu acho que é um alter ego. Para gente que é trans e travesti, acabamos não sendo nós mesmas durante um grande período de tempo. Ser a Gäbe, me permite deixar todas as inseguranças e todas essas feridas de vivência que eu tenho de lado para focar no que é mais importante no momento. Acho que a Gabë tem um pouquinho mais de combustível.
Se te chamassem para tocar em uma festa agora e você pudesse escolher o set. Quais são as cinco primeiras músicas que tocaria?
1. Botando - DJ Caio Prince, Mc Luanna, MU540 e DJ Thiago Martins
2. Guess (Remix) - Charli xcx ft Billie Eilish
3. Rakata - Arca
4. Sexo Completo - DJ RaMeMes
5. A World Alone (Remix Techno) - Lorde
Quais são os seus próximos passos na sua carreira como artista? Você deseja explorar novos caminhos? Novas expressões de arte?
Eu quero fazer muita coisa ainda. Têm muitos passos que vou dar, mas eu acho que a gente não dá um passo maior que a perna. Eu planejo lançar mais uma festa em conjunto com uma artista bem importante aqui na cena de Sorocaba que está aí produzindo há anos na cidade… e posso falar só isso por enquanto, porém, eu espero que vocês estejam preparados porque vai ser muito bom.
O nome vem de combustível. Eu sempre tive uma uma relação muito boa com os filmes do “Velozes e Furiosos” e eu sou fascinada por perreo, uma vertente de música latina do reggaeton, que é focada nessa vivência e daí vem de combustível, algo que precismaos bastante para se manter viva e continuar pegando fogo.
Além da música, você trabalha com algo a mais? Como é conciliar essas carreiras?
Trabalho com design e sou produtora de festa, só que eu também sou CLT, tá aí um segredinho [risos]. Eu trabalho de domingo a domingo e arrumo tempo para tocar — não sei como —, mas eu pretendo fazer outras coisas também.
Antes de ser a DJ Gäbe, você é a Ayla Gabriella. Você diria que quando está em cima do palco está assumindo um alter ego ou elas são a mesma pessoa em momentos diferentes do dia?
Eu acho que é um alter ego. Para gente que é trans e travesti, acabamos não sendo nós mesmas durante um grande período de tempo. Ser a Gäbe, me permite deixar todas as inseguranças e todas essas feridas de vivência que eu tenho de lado para focar no que é mais importante no momento. Acho que a Gabë tem um pouquinho mais de combustível.
Se te chamassem para tocar em uma festa agora e você pudesse escolher o set. Quais são as cinco primeiras músicas que tocaria?
1. Botando - DJ Caio Prince, Mc Luanna, MU540 e DJ Thiago Martins
2. Guess (Remix) - Charli xcx ft Billie Eilish
3. Rakata - Arca
4. Sexo Completo - DJ RaMeMes
5. A World Alone (Remix Techno) - Lorde
Quais são os seus próximos passos na sua carreira como artista? Você deseja explorar novos caminhos? Novas expressões de arte?
Eu quero fazer muita coisa ainda. Têm muitos passos que vou dar, mas eu acho que a gente não dá um passo maior que a perna. Eu planejo lançar mais uma festa em conjunto com uma artista bem importante aqui na cena de Sorocaba que está aí produzindo há anos na cidade… e posso falar só isso por enquanto, porém, eu espero que vocês estejam preparados porque vai ser muito bom.
Você pode conhecer um pouco mais de Gäbe pelo Instagram: @gabieplz.
(Foto: Mateus Machado - Palco Regional)